martes, 10 de abril de 2007

Triste vida corporal

Se houvesse o eterno instante e a ave ficasse
em cada bater d'asas para sempre, se cada som de flauta, sussurro de samambaia,
mover, sopro e sombra das menores cousas não fossem a intuição da morte,
salsa que se parte...
os grilos devorados não fossem, no riso da relva,
a mesma certeza de que é leve a nossa carne
e triste a nossa vida corporal,
faríamos do sonho e do amor não apenas esta renda serena de espera,
mas um sol sobre dunas e limpo mar, imóvel, alto, completo, eterno, e não o pranto humano.

Alberto da Costa Silva

(retirado do Blog da
Hanah)

Etiquetas:
Poesia

1 comentario:

Maria Azenha dijo...

Tão belo!...

***maat